A Competição de Música foi pintado por Jean-Honoré Fragonard na data de 1754 – 1755, em estilo Rococó, sobre o gênero de pintura de gênero, em óleo sobre canvas.
Dimensões: 74 x 62 cm.
Arte Rococó
O estilo se refere a arte produzida entre aproximadamente 1720 e 1780 na França inicialmente e posteriormente se espalhando pela Europa e América, onde chega tardiamente até meados do sec. XIX, a exemplo do Brasil.
Essa expressão tem origem na palavra rocaille que pode ser traduzido como concha e também era relacionado a incrustação de conchas e de pequenas pedras na decoração de grutas artificiais.
O Rococó foi considerado uma reação ao Barroco. Um movimento que fez a transição entre o Barroco e o Neoclássico e se deu num período marcado pela Revolução Americana, em 1776, e pela Revolução Francesa, em 1789. A reação ao Barroco se deu principalmente na França, conceitualmente se libertando da culpa a uma vida rica e glamorosa, imposta pela religião católica e artisticamente trabalhando com cores e curvas mais suaves e retratando sempre a beleza das figuras humanas ou da natureza.
Cooptado pela aristocracia Francesa quando o Barroco começou a ser usado na arquitetura de palácios civis o estilo Rococó se liberta da temática religiosa para mostrar um estilo de vida hedonista, elegante e por vezes frívolo.
Com a mudança da corte de Versalhes para Paris após a morte de Luís XIV em 1715, que era um rei mais austero, os cortesãos que não eram aristocratas por nascimento passaram a financiar artistas para serem aceitos pela nobreza e aristocracia e isso gerou a uma arte decorativa e de menor porte como quadros, estatuetas e porcelanas, ourivesaria e mobiliário.
A temática procurava mostrar os prazeres da vida bucólica cortesã com charme e sensualidade, as grandes festas, os costumes da vida pastoral com ampla representação da vegetação, sempre mostrando a alegria, a leveza a felicidade.
Para provocar essas sensações o Rococó se desenvolveu com cores claras, linhas curvas em C ou S, fluidas, simetria, sempre agradável em contraponto ao exagero da opulência do Barroco com cores fortes e o feísmo.
Por isso esse estilo foi associado a uma arte fútil e elitista.
Na Alemanha, em Portugal e no Brasil, o Rococó mantém-se ligado a temáticas religiosas, muitas vezes se misturando ao Barroco.
Estilo Rococó na Arquitetura
Na arquitetura o Rococó trouxe características bem distintas em termos de proporções priorizando edifícios menores geralmente de 2 andares, além de interiores iluminados com presença de espelhos e decoração com muitos quadros, estatuetas, relógios e porcelanas. Os tacos de madeira passam a serem utilizados além de paredes com decoração clara e emolduradas com pinturas douradas e prateadas.
No exterior grades em ferro forjado, grandes jardins com lagos, fachadas mais simétricas e alinhadas, sem colunas e com os ângulos suavizados nas balaustradas. Os telhados passam a ter 2 águas, as portas e janelas tem grande destaque decorativo e ganham lugar para colocar estatuetas e vasos.
Grandes exemplos desse estilo estão no Hotel de Soubise, construído por Germain Boffrand e decorado por Nicolas Pineau, em Paris(1736 e 1739) e no Petit Trianon, construído por Jacques-Ange Gabriel, em Versalhes(1762 e 1768).
Na Alemanha o estilo Barroco tardio se mistura com o Rococó.
Mas podemos exemplificar com algumas abadias e igrejas, como Igreja da Abadia (1716-1725), no município alemão de Mödingen, projeto de Dominikus Zimmermann e com o Pavilhão de Amalienburg de François Cuvilliés (1734-39), em Nymphenburg, finamente esculpido por Johann Baptist Zimmermann, além da Igreja da Peregrinação de Vierzehnheiligen (1743-1772), projetada por Balthasar Neumann e o delicado Die Wies (1745-54), na Bavária, projetado e decorado pelos irmãos Zimmermann (Dominikus e Johann).
Na Áustria o Palácio Sanssouci foi construído entre 1745 e 1747, em estilo rococó para ser a residência de verão de Frederico, o Grande, rei da Prússia. Desenhado por Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff e devido a divergências no projeto foi finalizado por Jan Bouman, um arquiteto holandês.
Principais Arquitetos do estilo Rococó
Germain Boffrand (1667-1754) Arquiteto francês que foi um dos principais criadores do estilo precursor do rococó denominado Régence e posteriormente do estilo rococó.
François Cuvilliés1695 – 1768 Arquiteto nascido na Bélgica que trouxe para a corte de Wittelsbach em Munique e Europa Central o estilo rococó.
Jacques-Ange Gabriel (1698 – 1782) Importante arquiteto francês
Dominikus Zimmermann (1685-1766) Arquiteto alemão que misturava o Barroco tardio com o estilo Rococó
Balthasar Neumann (1687-1753) Engenheiro e arquiteto alemão que misturava o Barroco tardio com o estilo Rococó.
Nossa Senhora de Ivan Pinsel
Nossa Senhora foi esculpida em madeira por Ivan Pinsel na data aproximada de 1758 na Ucrânia em estilo Rococó
Triunfo do Nome de Jesus
Triunfo do Nome de Jesus foi pintado por Giovanni Battista Gaulli entre os anos de 1661 – 1679 no estilo Barroco, Rococó sobre o gênero de pintura religiosa, quadratura utilizando técnica a óleo.
Estilo Rococó na Pintura
Até a Revolução Francesa, momento em que esse estilo passou a ser considerado fútil, superficial e até vergonhoso, por mostrar o estilo de vida da burguesia e ser meramente decorativo, o Rococó se desenvolveu tanto com a intensão de mostrar a vida gloriosa e feliz da aristocracia e a apologia do poder civil assim como para a exaltação da fé.
Somente a partir de 1830 esse estilo volta a ser identificado como uma demonstração cultural de um tempo histórico e que levantaria questões posteriormente discutidas e estudadas na arte moderna como o efeito psicológico das cores e suas graduações delicadas, as composições rítmicas e cênicas, entre outras questões.
Principais Pintores do estilo Rococó
Juste-Aurèle Meissonnier (1695-1750) Pintor e decorador francês considerado o pioneiro do estilo rococó na arte decorativa. Além de pintor foi desenhista de móveis, escultor, ourives e arquiteto.
Jean-Antoine Watteau (1684-1721) Pintor francês que viveu até os 37 anos e pintou cenas bucólicas campestres e cenas teatrais, muitas vezes imaginárias.
Jean-Baptiste Siméon Chardin (1699-1779) Pintor francês mais ligado a aristocracia pintou cenas reais da burguesia francesa.
François Boucher (1703-1770) Pintor francês ligado a temática mitológica com ninfas e deusas graciosas e sensuais além de retratos e paisagens.
Jean-Honoré Fragonard (1732-1806) Pintor e desenhista francês que produzia uma arte alegre com paisagens bucólicas evocando a sensualidade.
Giambattista Tiepelo (1696-1770) Pintor italiano que além de obras de cavalete com figuras mitológicas entre outros temas pintou grandes afrescos como no Palácio de Wurzburg, onde cria alegorias para representar os 4 continentes, Europa, Ásia, América e África.
Johann Baptist Zimmermann (1680-1758) Pintor alemão que entre outras obras pintou os afrescos da igreja de peregrinação Steinhausen, a primeira igreja completamente rococó na Baviera (1727-33).
Psiquê mostrando às suas irmãs os presentes que ganhou do Cúpido
Psiquê mostrando às suas irmãs os presentes que ganhou do Cúpido foi pintado por Jean-Honoré Fragonard em 1753 no estilo Rococó sobre o gênero pintura mitológica em óleo sobre canvas.
Dimensões: 192,4 x 168,3 cm
Retrato de Marie-Louis O'Murphy
Retrato de Marie-Louis O’Murphy (Nu no Sofa) foi pintado por François Boucher em 1752 no estilo Rococó sobre o gênero pinturas de nu, em óleo sobre canvas e encontra-se na Antiga Pinacoteca.
Dimensões: 73 x 59 cm.
Estilo Rococó na Escultura
A escultura do estilo Rococó teve duas grandes variações. A diminuição do tamanho e o material usado, pois passou a utilizar em grande escala materiais como a madeira, o gesso, a argila, o ouro, a prata e a porcelana (biscuit), justamente para facilitar o caráter decorativo de interiores.
Passaram também a ser mais delicadas, com curvas leves em contraponto ao retorcido do Barroco e seguiam, como na pintura, cores claras.
Principais Escultores do estilo Rococó
Guillaume Coustou, o Jovem (1716-1777) Escultor francês, filho de Guillaume Coustou, o Velho. Sua obra transita entre o barroco tardio e o Rcocó.
Étienne-Maurice Falconet (1716-1791) Considerado o principal escultor francês do Rococó. Apesar de não nascer rico seu talento foi logo percebido. Ingressou na Academia de Belas Artes de Paris em 1754. Foi bem avaliado nos Salões de 1755 e 1757, sendo nomeado diretor do ateliê de escultura da Manufacture royale de porcelaine de Sèvres. Convidado por Catarina, a Grande foi para a Rússia onde executou a estátua colossal de Pedro, o Grande, em bronze, em São Petersburgo. Em 1788 Falconet voltou a Paris e se tornou diretor da Academia de Belas Artes. Suas obras geralmente meigas e eróticas tinham influência do ballet e do teatro e da pintura de François Boucher. Grande parte de suas esculturas religiosas foram destruídas pela Revolução Francesa.
Antonio Corradini (1688-1752) Escultor italiano que trabalhou em Veneza, Viena e em Nápoles para a corte de Carlos VI.
Na sua escultura chama atenção as figuras em mármore cobertas por véu. Teve obras encomendadas pelo czar da Rússia, Pedro, o Grande em São Petersburgo, pelo rei da Polônia e eleitor da Saxônia, Augusto, o Forte.
Em Nápole trabalhou para o príncipe de Sansevero VII finalizando a Capela de Sansevero (Capella Sansevero de’ Sangri or Pietatella) um intricado conjunto decorativo de pedestais, altares e estátuas. Foi onde Antonio Corradini criou uma da suas esculturas mais admiradas, a “Verdade sob Véu” (também chamada de “Véu da Modéstia”, “Pudor sob Véu” ou “Castidade”), escultura dedicada a Cecilia Gaetani dell’Aquila d’Aragona, mãe de Raimondo di Sangro, construtor que iniciou a capella e o convidou para o trabalho mas faleceu ainda jovem. Apesar da escultura ser ousada para um templo funerário provocava grande reflexão.
Ignaz Günther (1725-1775) Escultor e entalhador alemão cuja obra reflete a tradição rococó bávara, principalmente em altares e igrejas.
Estilo Rococó no Mobiliário
Durante o reinado de Luis XIV houve uma transição de estilo entre o Barroco e o Rococó chamado Regence e nesse período, o mobiliário que tinha enorme importância na decoração, era mais suntuoso e pesado pois, por influência Real seguia mais as características do Barroco.
Durante o reinado de Luis XV o mobiliário começa a ter menos ingerência da realeza ganha mais leveza nas linhas e nas formas além de diminuir de tamanho se adaptando a sua época e aos espaços menores dos palácios reais e civis. Nesse contexto diminuiram os tamanhos de escrivaninhas, penteadeiras, chaise longue e da bergère e as cadeiras de luxo substituíram o espaldar alto por mais baixo.
Ainda assim o luxo, a delicadeza e a riquesa de detalhes com entalhes com inspiração nos elementos da natureza como folhas, conchas e flores eram características muito importantes. Assim como os estofados com toile de jouy, um tecido feito em algodão estampado com cenas bucólicas de casais se cortejando ou flores típico da França dos séculos 18 e 19, os brocados tecido em seda com estampa decorada com relevo dourado ou prateado, o tafetá, ou tapeçarias Gobelins, tapeçaria de alto preço, fabricada em Paris e Beauvais tapeçaria remonta à Idade Média.
A pintura dos móveis em estilo Rococó ganham cores como o vermelho, o amarelo, o preto, o dourado e o prateado. E a laca, um tipo de verniz delicado e bem brilhante também passou a ser muito utilizado.
Principais Artistas do Mobiliário Rococó
Thomas Chippendale (1718-1779) Marceneiro inglês que criou o famoso estilo Chippendale que combinando a inspiração gótica, paladiano inglês, o rococó francês, além de elementos da cultura holandesa e chinesa.
Jean-Henri Riesener (1734-1806) Ebanista alemão considerado o melhor do sec. XVIII, produziu móveis no estilo Rococó e Neoclássico.
Estilo Rococó na Música
O estilo de música do Rococó também se mistura com as características do Barroco, tendo como propriedades as sarabandas, gigas e minuetos.
O barroco alemão e austríaco que se misturava com o Rococó eram acompanhados pela música de Bach ou Haydn, além das óperas cômicas de Mozart.
Rococó no Brasil
Apesar do Rococó no Brasil ter sido trazido inicialmente por Dom João VI através do mobiliário ele só se desenvolveu fortemente durante o sec. XIX.
Ligado ao aspecto religioso, assim como o Barroco, no Brasil os dois estilos se misturam na função de catequese e tem os mesmos artistas como representantes, Manuel da Costa Ataíde, Francisco Xavier de Brito e Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho).
Pode ser encontrado em igrejas de Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia. Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Salvador algumas características do Rococó como tons azuis e pastéis e a leveza das linhas nas janelas podem ser observados parte externa da construção.